Enaltecendo poetas "anónimos"!!!
Revolvendo as gavetas e papeis há muito guardados, encontrei uma
preciosidade entre boas memorias. Foi num dia qualquer em Novembro de 1999 que conheci a dona Maria da Luz. Hoje talvez já não viva, nunca mais soube do seu
paradeiro. Mas lembro bem o seu incentivo para que continuasse a escrever.A
Abeirar os noventa, possivelmente, Dona Maria da Luz Martins foi uma das muitas
idosas que se sentou plácida e atentamente para me ouvir declamar poemas num dia dedicado a Cabo
verde na Residência São João de Avila.Não foram apenas
meus, mas de ilustres poetas Cabo-Verdianos os versos que li nesse dia, recebendo o carinho
de uma quinzena de idosos e familiares ali presentes. Naquele dia o almoço também
seria Comida de Cabo Verde, mas no conjunto de internos eram quase todos
portugueses.Dona Maria da Luz também o era, mas vivera muitos anos em Cabo Verde
e fora professora, se não me falha a memoria na ilha do Fogo.A nossa conversa foi muito breve, mas emotiva...ela fez questão de me oferecer um
poema da sua autoria, digitalizado por alguém e devidamente assinado por ela.
Hoje encontrei este tesouro...trouxe-me assim em meio a papeis rasgados uma
deliciosa memoria: O Carinho, o sorriso e a alegria daqueles a quem apenas
resta esperar para morrer com dignidade!
Estará ainda viva a Dona Maria da Luz Monteiro Macedo de Martins?Tera alguém entre Cabo verde e
Portugal lembranças desta senhora que possa comigo partilhar?Quem sabe algum
dia chegue essa desejada resposta...?Por agora deixo-vos os versos da Dona Maria da Luz Martins:
Nunca Mais
Nunca mais eu verei
O poente doirado
Que aos poucos morria
La no longes no mar...
Nunca mais ouvirei,
O doce marulhar
E o bater cadenciado
Das ondas, nos rochedos
Nunca Mais sentirei
Os arrepios de medo
Que a noite, sentia
Nos tempos de criança...
So persiste a lembran;ca,
Vaga, como o gemido
Ténue, como o doirado
Desse meigo poente...
Criança sonhadora,
Porque foi que cresceste?!
Porque foi que deixaste
As amarras na praia...
E partiste e sofreste,
Tornando-te mulher?!
Porque tentas rever
Essa fulgente Aurora
Que aos poucos desmaia?!
Nunca mais tu serás
O que foste, ‘o criança!
És um barco a deriva
Que o vendaval desfaz...
És apenas um sonho
Tristemente desfeito...Aguardando no cais
E vivendo, sem ‘sperança,
Um triste “nunca mais!”
Maria da Luz Monteiro Macedo de Martins
Residência São João de Ávila
Novembro 1999
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