Noctívaga Sem Alma

A noite pedia ruidosamente para arredondar na madrugada e ela permanecia estática ali. Absorta no seu canto solitário ela embalava a calma que se alojara plácida ao seu lado como pedra que não queria desabrir. A noite barulhava lá fora mas o cérebro ensurdecera, tornara-se eremita num corpo jovem, sem vontade de rejubilar...A escuridão tinha mais for;ca que a ac;cao que cirandava, tinha o peso de um tronco isolado na terra sem esperan;ca de chuva e de verde. Nascera agora a escondida, nesse recanto de pacífica solidão. Arménia dizia-se de nome e gotejava do rosto como que carpindo um irmão. Andava as voltas com o silencio que corrompia as auroras de podridão. Gritava calada e ressoava no fundo do cora;cao. Arménia confundia a alma do mais resoluto cristão. Vivia bicéfala, voraz na adversa imensidão. 
Arménia não era mais alma, apenas culpas de um corpo presente que nascera sem vontade de pedir desculpa. Um lapso de memoria fizera dela intelecto. Um azar da Historia fizera dela um ocupado incerto. Usava luvas sem mãos, arrepiava sem toque e flutuava entre pinhos e alvoradas. Ninguém sabia dela que ensaiava ser presente numa solene escapadela. Fugia do mundo quase ausente e o globo girava descontente. Alada num carrossel sem bicho encantado, endurecia a imagina;cão. Lembrava o coitado que cria e assim anoitecia tudo na sua agonia. Arménia? Quem seria? 
A nascida bem tarde, esquecera cedo de afastar o medo. Reinava entre fumos de gloria, num conto ledo de um fingido vilarejo. Quisera os céus sem crer em Deus. 
Fizera seus alguns quantos homens ateus. Fazia o sinal da cruz e corria da luz. Enrodilhava um ter;co, como mão que afasta um ber;co. E assim fingida, contornava a dor ungida. Arménia...Seria ela verdade, pagina rotina ou maldade? Ninguém escrevera e a humanidade a esquecera. Continuava uma sombra da noite que insistia em arredondar na madrugada. Um breve tra;co no tempo para quem ninguém guardara espa;co. 

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