DespeDEida



Se ainda houvesse tempo pra falar de saudade
Talvez engomasse um vestido
Enquanto pintavas estrelinhas no meu umbigo
Num frisson de ligas e corpete rasgado

Sorverias os pelos da comoção
De outro cheiro abismado na sofreguidão de mãos polpudas
De um erecto doce
Num chão de imensidão

Se houvesse tempo para saber se havia
Perderia o orgulho, num lençol de ironia
Entre meias e meios de volúpia
Lábios em dupla e sonhos precoces

E se houvesse tempo para falar de saudade?
O tecto seria azul e a janela de folhos
Suaria aos prantos
Trajaria os lençóis

Serias santo entre pernas
E vácuo de abraços
Metamorfose de tacto e palato
Afã de aparatos

Se falar de saudade estendesse o tempo
Vestiria marrom
 Debruado a magenta
Ou qualquer cor que  do lume brotasse.

MCTavarlos
Outubro 2016
As senhoritas de Avignon ( Bordel Filosofico) - Picasso

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