Bilhetes rasgados de chuva


A submergir sem medo de afundar, plantam-se dedos no piso a rasteirar na alegria dos céus. São dias de um abraço tortuoso a Niké, acalmando a secura de olhar, o vago de bendizer sem se molhar, e fome cíclica de verde a tresandar. Num banho de esperança caminha-se aos pulos, fintam-se rios de água a putrificar, esquivam-se os jorros da viatura venturosa de qualquer apressado a derrapar.

Venderia esta cidade se alguém a quisesse comprar?

Solavanco de apeio, de peão sem amparo, de superfície a jorrar na calçada abençoada. Esqueço o dreno e compro remo?Mas quem é que me mandou nos altos morar?

Tenho dois tectos com buracos para a lua contemplar, olhos de lince a afugentar baratas e uma escada rápida para a plenitude. O limite das nuvens já conhece os meus cactos, a fralda dos meus netos, e o pó´de trigo que a fome vai amassar. Sou terreno e vivo de andar pequeno, aqui onde se esconde o olhar.


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