“In extremis”

Na tarde do agoirado levante
Quis a aurora pestilenta que a noite  sumisse
Disseram que era dia
Que a vida arrevesada apodrecia
Toda a beleza se fizera agonizante
No mundo perecia a voz de um outrora esfuziante.
Sombras e véus
Marasmo dos céus
A frieza fervilhava
E o fogo congelava
No inverso universo
Calma e brio se cruzavam.
Era a anoitecida prometida
De um mundo estremunhado
Capaz de enlouquecer o parvo arrevesado
De erguer a falácia alourada
Arrebanhar carneiros em meio a tourada.
Um instante apenas
Uma réstia  de povo em meio as penas
Do pavão casta de ave
Da avestruz enterrada na cave...
O  desconexo vibrava
Zumbia e se arvorava:
Tenho em mim muitos ardores
Amores de varias cores
Perdi chão e firmeza
Altruísmo e nobreza
Percorri mil terrenos
Fuzilei os pequenos
Hoje sou verso
Arregalo os olhos
pestanejo e desconverso
não sei do bem
nem dos temores de alguém
vou pra longe

neste abraço de monge.

MC Tavarlos
Praia, 25 de Abril 2014

"Mulher segurando na Balança" - Vermeer

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