Discursos da Fome I


Carestia inunda o espaço
E a sombra nula perde compasso
Não baila e afasta
Insurge-se do ritmo da alta casta
Era o tempo da monda perdido em secura
Do homem réstia sem gota segura
Era a vontade mestiça enterrada em miséria
E  o sorriso castiço perdido entre as dores de uma galdéria
Pao a mesa comprado com corpo conspurcado
Nem tostão nem farinha para o homem suado
A pobreza tem cor
Tom cinzento e da morte o odor.
Velhos tempos volveram a sala despida
Mesa fina eternizada numa quotidiana despedida
Nem 40 nem 30, apenas anos de crise
Dessa humana espécie que não escreve o que disse.
Velhos anos perdidos em tempo...
Glorias soçobradas bafejadas e enterradas.
Ninguem ouviu da barriga fermentada
Único ou solitário lamento.

MC Tavarlos

Praia, 28 de Abril 2014


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